Como consertar o que nunca estivera quebrado?
Perguntava-se olhando para a noite que crescia janela afora. E por mais
que aquilo significasse romantizar algo tão banal, permitia-se, longe de
tudo e todos - quiçá dos olhares da própria lembrança -, entregar-se
àquela sensação que havia muito a consumia em silêncio. Romantizar,
poetizar, chamassem como quisessem, não podia mais era mascarar a dor
que trazia por dentro. Era banal, sim! Morre-se de amor todo dia. Por
que ela não haveria de morrer também?
Quis ser simples, repetindo
para si o quanto tudo era fácil, calando a voz da ansiedade que dominava
como ferrugem suas estruturas. Quis ser outra, uma que não morreria ou
que, caso morresse, seria apenas por algumas horas e às custas de uma
única lágrima silenciosa. Quis ser lago, enquanto trazia em si o mar em
ressaca. Brisa, porém, era toda tormenta.
Verdade que já fora tempestade maior. Quando encontrava-se presa nas lembranças, buscando o ponto exato em que tomara a estrada errada, quando estava distante procurando entender aquela assombração que se lhe apresentava com o nome de passado, envergonhava-se do quanto já fora tola (ou mais do que agora, pelo menos). Faltava-lhe força para sangrar de amor, e carne para oferecer aos leões, tanto a oferecera de graça antes. Agora era como se tivesse calma para esperar a nuvem passar, e como se quisesse, com sabedoria - ou ao menos parcimônia -, escolher a corrente certa para seguir, e a batalha cuja vitória parecia mais provável. Mas nas veias ainda lhe corria o sangue em torrentes, e ansiava sentir jorrar-lhe a vida pelas faces. Ainda queria, louca que era pela vida.
O que fazer então? Julgar-se por temer o que não ainda conhecia? Porque não há livros ou filmes suficientes para indicar o caminho pelo terreno incerto que é o amor.
Parecia, afinal, não haver antídoto contra a esperança.
Verdade que já fora tempestade maior. Quando encontrava-se presa nas lembranças, buscando o ponto exato em que tomara a estrada errada, quando estava distante procurando entender aquela assombração que se lhe apresentava com o nome de passado, envergonhava-se do quanto já fora tola (ou mais do que agora, pelo menos). Faltava-lhe força para sangrar de amor, e carne para oferecer aos leões, tanto a oferecera de graça antes. Agora era como se tivesse calma para esperar a nuvem passar, e como se quisesse, com sabedoria - ou ao menos parcimônia -, escolher a corrente certa para seguir, e a batalha cuja vitória parecia mais provável. Mas nas veias ainda lhe corria o sangue em torrentes, e ansiava sentir jorrar-lhe a vida pelas faces. Ainda queria, louca que era pela vida.
O que fazer então? Julgar-se por temer o que não ainda conhecia? Porque não há livros ou filmes suficientes para indicar o caminho pelo terreno incerto que é o amor.
Parecia, afinal, não haver antídoto contra a esperança.
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