8 de jan. de 2010

Fortaleza, 14 de outubro de 2008.

Talvez tão sutil que não se pudesse tornar palpável porque sua natureza era assim, demais para o plano real. E tão feliz e tão triste isso a deixava porque, se se elevava por um sorriso, era também ele que tratava de trazê-la de volta no mesmo pé, poucos segundos depois. Mas não lhe cansava esse leva e traz. E podia passa horas naquele afago sem desejar nada mais, satisfeita, sabendo que presa ao seu pé uma âncora de bom senso nunca a permitiria ir além.

Talvez tivesse sido a rendição daquele olhar resguardado, que nunca se dava a grandes exageros. Comedido que era, disfarçado talvez a tivesse assim conquistado. Olhos que lhe invadiram, se entregaram, lhe abrigaram e nos quais encontrou a declaração que procurava. Vai saber! Não esperava nada mais. Feliz por tudo o que tinha.

Sorriso, olhar... Talvez o perfume. Isso! Aquele meio-amargo (assim mesmo, sinestésico) e amarelo, e, algumas vezes, mesclado ao grosseiro do suor. Mar tão característico e íntimo penetrava-lhe até que fosse toda odor, envolvida e tomada.

Talvez fosse algo mais concreto do que esse cheiro de vida. Fosse um todo confiado aos poucos, uma rendição contida de tropas tão hostis, ou ainda o perceber que, no final, era mais que espinhos e que, por isso mesmo, não se encerrava. Não acabaria assim como o sorriso passa, o olhar se perde, o perfume se dissipa. Não findaria com o fechar da cortina do tempo. Talvez fosse essa possibilidade mais do que de ter, de guardar perto dos sentidos, de não poder e ainda assim, sentir.

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