Fujo de mim, ou me busco. Nesse momento, nem sou eu quem escrevo. É uma outra que me habita. Mas, e talvez porque me habita, é efêmera como eu jamais seria. Não a sei. Afinal, é ela quem escreve, ela que me sabe. Eu que sei da outra que vive em mim nos momentos em que não estou.
Vai saber. Sei que corro, parada, dos pensamentos confusos que me cercam. Ontem me disseram que os pássaros que vejo, não os vejo, ou os sinto picar minha mão a procura do milho, que não estão lá, ou eu mesma não estou lá. É tudo muito confuso que o céu, ao meio dia, se abra em um verde mar indizível e ninguém perceba a não ser eu que, de tão atônita, não consiga falar nada para ninguém, apenas assustar-me, e continuar minha caminhada pelas ruas que se desfazem como areia movediça, vendo os pássaros que levantam voo como que não estando.
Pergunto-me se eu estou. Mas é melhor prestar atenção no ônibus que passa, que mesmo sendo mole como borracha, ainda pode me matar.
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